Autoria, Data e Lugar de Escrita
– Escrito em estilo simples, exibe uma profundidade teológica que ultrapassa à dos evangelhos sinópticos.
– As tradições da Igreja primitiva indicam que o apóstolo João escreveu o quarto evangelho já no término do primeiro século da era cristã, em Éfeso.
– Quanto a isso a o testemunho de Irineu, discípulo de Policarpo, o qual fora discípulo de João.
– Descobrimento do Fragmento Rylands, cópia egípcia do evangelho de João feita por volta de 135 d.C., subentende a data de escrita do evangelho nos últimos anos de João e refuta argumentos de que foi escrito no meio do segundo século.
– O autor reivindica o privilégio de ter sido testemunha ocular do ministério de Jesus (1.4 com 19.35 e 21.24,25); demonstra um estilo semítico em sua redação; possui conhecimento acurado sobre os costumes judeus (pressupostos em 7.37-39 e 8.12).
– Detalhes vívidos que só poderiam ser esperados da parte de uma testemunha ocular aparecem por toda a parte.
– O autor escreve como “aquele a quem Jesus amava” a fim de ressaltar que o conteúdo do evangelho merece crença.
Suplementação dos Evangelhos Sinópticos e Discursos
– Conscientemente, João suplementa os evangelhos sinópticos.
– Esclarece que o ministério público de Jesus durou por consideravelmente mais tempo do que a leitura isolada dos evangelhos sinópticos nos levaria a crer. Os evangelistas sinópticos mencionam somente a última Páscoa; João deixa-nos saber que houve pelo menos três, e talvez até quatro Páscoas, durante a carreira pública de Jesus, pelo que também esta se prolongou provavelmente de três a três anos e meio.
– Com a exceção de Mateus, o quarto evangelho contém discursos mais longos, feitos por Jesus, do que os outros evangelhos.
– João apresenta-nos um Cristo que falava em estilo bastante diferente daquilo que os evangelistas sinópticos nos dão a entender. Isso ocorre em parte pelo hábito que João tinha de parafrasear, com o resultado que o vocabulário e o estilo do próprio evangelista com frequência aparecem no seu registro sobre os ensinamentos de Jesus. Também é possível que João tivesse preservado os aspectos mais formais do ensinamento de Jesus, a saber, Seus sermões nas sinagogas e Suas disputas com os teólogos judeus.
A Teologia Joanina
– Jesus é a Palavra (ou Logos) revelatória de Deus.
– O amor de Deus veio por meio de Jesus Cristo (Jo 3.16).
– João permite que permaneça de pé a antinomia (paradoxo, aparente contradição) entre a escolha divina e a resposta favorável humana.
– Enfatiza a regeneração do Espírito Santo.
– O convite do evangelho é caracterizado pela universalidade; aqueles que aceitam tal convite recebem a vida eterna.
– O Paracleto, ou Espírito Santo, em Seu papel variado de Consolador, Conselheiro e Advogado.
– João é o evangelho da fé; o verbo crer é a palavra chave (Jo 20.30,31).
– Salienta supremamente a divindade de Jesus, como Filho de Deus único e preexistente, o qual, em obediência a Seu Pai, tornou-se um real ser humano a fim de morrer sacrificialmente, com vistas à redenção da humanidade.
– A deidade de Jesus é encarecida, “o Verbo era Deus” (1.1); também é posta em realce a Sua humanidade, “E o Verbo se fez carne” (1.14).
– Série de reivindicações de Cristo, utilizando-se da expressão “Eu Sou”: (1) “Eu sou o pão da vida” (6.35,48); (2) “Eu sou a luz do mundo” (8.12); (3) “Eu sou a porta” (10.7,9); (4) “Eu sou o bom pastor” (10.11,14); (5) “Eu sou a ressurreição e a vida” (11.25); (6) “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (14.6); (7) “Eu sou a videira verdadeira” (15.1,5).
– Além dessas reivindicações, há aquelas declarações que envolvem a expressão “Eu sou”, não seguidas por qualquer complemento, e que sugerem a reivindicação de ser Ele o eterno EU SOU – Javé do AT (4.25,26; 8.24,28,58; 13.19).
– João procura evangelizar aos incrédulos com o evangelho e estabelecer firmemente os crentes em sua fé.
– João descreve pormenorizadamente certo número de milagres realizados por Jesus, mas intitula-os “sinais”, devido ao valor que têm como símbolos do poder transformador da fé em Jesus.
Fonte: “Panorama do Novo Testamento”, de Robert H. Gundry.