Primavera, verão, outono e inverno. Creio que as estações do ano podem se aplicar a fases de nossas vidas e de um modo geral a toda a nossa existência. Se não, vejamos.

O significado da palavra outono é “tempo de ocaso”. Entre outras coisas, ocaso significa “pôr do sol, poente, decadência, declínio, ruína, fim, final, termo, morte”. O outono é caracterizado por um abaixamento das temperaturas médias e pelo amarelar e queda das folhas das árvores. Há fases em nossas vidas que se parecem com o outono. As expectativas que tínhamos começam a murchar, os sonhos parecem declinar como o pôr do sol, nossos projetos parecem amarelar e cair por terra, a decepção e a frustração aparecem. Os outonos das nossas vidas não são muito agradáveis, mas são reais.

Já o inverno significa “tempo de hibernar”. Hibernar, para alguns animais, é passar o inverno em sua toca ou caverna, numa espécie de sono, em que há entorpecimento total ou parcial. No inverno, temos a época mais fria do ano, marcada pela neve (em algumas regiões) e ausência de fertilidade. Assim como em nosso planeta, também em nossas vidas, enfrentamos os invernos. Aqueles períodos em que ficamos inertes diante das situações adversas, fechados dentro de nós mesmos e às vezes literalmente fechados até mesmo dentro de nossas casas e quartos, não conseguindo sentir o calor das pessoas, da motivação e do entusiasmo, não conseguindo frutificar em praticamente nenhum sentido.

Não nos desesperemos, no entanto, pois após o inverno, vem a primavera. O termo primavera significa “princípio da boa estação”. A primavera é tipicamente associada ao reflorescimento da flora e da fauna terrestres. É a estação das flores. Também em nossa existência, a primavera é tempo de reflorescimento, é tempo de florescer. É tempo de sairmos de nossas prisões interiores, tempo de acordarmos do sono do período de hibernação, tempo de voltar a sonhar, de ver o colorido da vida, de fazer planos, de sair da clausura, de amar, de viver.

E logo após a primavera, vem o verão. O verão significa “tempo de frutificação”. Neste período, as temperaturas permanecem elevadas, os dias são longos e as noites pequenas. Geralmente, o verão é também o período do ano reservado às férias. Em nossas vidas também, após o florescimento da primavera, vem o verão, onde nossos sonhos começam a frutificar e passamos a colher o que plantamos. No verão de nossa existência as temperaturas de felicidade permanecem elevadas, os dias de alegria são longos e as noites de tribulação são bem pequenas. Assim como no calendário anual o verão é o período reservado às férias, em nossa existência, o verão é tempo de desfrutarmos do descanso e tranqüilidade dos frutos colhidos.

Creio que desde o nosso nascimento até a nossa morte, assim como a natureza, passamos várias vezes por esses ciclos das estações. Passamos por vários outonos, invernos, primaveras e verões. Saibamos viver com sabedoria em cada uma dessas fases!

Gostaria, todavia, de terminar esta reflexão com um pensamento sobre toda a nossa existência. Penso que nosso nascimento, infância e adolescência são uma espécie de primavera, ou seja, o princípio da boa estação, o princípio da vida. Nesta fase o ser humano vai crescendo, florescendo, amadurecendo, fazendo descobertas e desabrochando para a vida. Na primavera da vida, nossos corpos estão exuberantes, nossa pele linda, nossa feição bela e jovial.

Depois, segue-se o verão da vida, ou seja, aquele tempo em que frutificamos. Frutificamos biologicamente, gerando filhos; profissionalmente, nos dedicando a uma profissão; financeiramente, adquirindo bens; espiritualmente (que assim seja), frutificando em nossa relação com Deus. No verão da vida temos vigor físico, temos energia e disposição, afinal, as temperaturas de nossos sonhos estão elevadas e os dias para trabalho e lazer são longos.

Todavia a primavera e o verão não duram para sempre e chegamos à alta maturidade, quando o período de outono da vida entra em vigor. Neste período já não temos mais a mesma saúde nem a mesma disposição de outrora. É o tempo de ocaso, de declínio. Nesta fase, embora muitas vezes não queiram aceitar, os homens e mulheres sabem que estão se aproximando da morte. As folhas da saúde e da energia já começam a amarelar e cair, e a temperatura da existência começa a baixar. Então, inevitavelmente chega o inverno. O tempo de hibernar, o tempo das sombras, o tempo da morte. O inverno pode demorar a chegar, mas um dia ele chega para todos. E então nossos corpos outrora jovens, cheios de beleza e energia, agora jazem em uma tumba fria, gelada e sem vida.

Nessa estação não há trabalho nem fertilidade, mas inatividade e “sono”, e nunca é demais lembrarmos que cada um de nós teremos de enfrentá-la. Todavia, para aqueles que crêem em Cristo, o inverno não é a última estação da existência. Logo após o inverno vem a primavera e o verão. Ainda que nossos corpos fiquem a hibernar durante o inverno de nossa morte, um dia veremos o sol da primavera da ressurreição raiar e ressurgiremos em novidade de vida como o nosso Cristo nos prometeu. Logo após a primavera da ressurreição, aqueles que crêem em Cristo experimentarão a última estação de nossa existência. O interminável verão da vida eterna com o Senhor. Neste eterno verão haveremos de frutificar por toda a eternidade. Os tempos frios da dor e dos sofrimentos já não existirão e as temperaturas da alegria e da bem aventurança continuarão elevadas para todo o sempre. Esse verão interminável será o nosso período de férias eterno, quando então teremos descanso de todo o nosso trabalho. Você quer viver este verão eterno? Conheça a Cristo e sua presença estará garantida! Que Deus nos ajude a passarmos por cada estação de nossa existência!

Pr. Ronaldo Guedes Beserra

 

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